Um pássaro do qual não sei o nome piou três vezes infinitamente.
A noite vinha calma como quem anda na roça. Quieta, de ar parado, vinha lenta num andar de cores claras para escuras, degradando como quem atrasa o passo de ir ao chão. Vinha num caminhar manso que pára e colhe flores nos joelhos. A noite lenta vinha acompanhada do assovio deste pássaro do qual não sei o nome. Penso que nem a noite o sabe...nem entanto se importa ou pensa nisso em hora de apanhar estrelas.
Que interessa um nome seco que, falado, cala após e cessa? A ela, mais se presta o assovio que é contínuo, constante e repetido. Penso que música anda mais que nome e a noite pensa assim, comigo. A Serenata Noturna andou mais que Mozart: a noite se enche disso.Eu ouço o pio como quem conversa e falo em tom de quem respira e troco notas de vazio com o assovio lá do pássaro e com o andar da noite.
Laís de Oliveira
imagem: Espantalho, de Portinari (1957)
2 comentários:
Vc parece legal ow..
OI Laís... tá cada vez mais lindo o blog! Parabens para todas!
Beijos
Postar um comentário