terça-feira, 13 de novembro de 2007

Então..


É estranho chegar em casa depois de tanto tempo.
Mesmo que meu quarto em BH seja repleto de móveis que nem são meus, eu sinto que é lá que me pertence. Talvez essa sensação faça parte do que é crescer, se tornar um adulto.
Sábado eu vi um filme (Lobos e cordeiros) em que um professor fala pra um aluno que o mais difícil em se tornar um adulto é que a gente não percebe quando isso acontece e que é preciso ter cuidado, porque pequenas decisões tomadas hoje levarão anos para serem mudadas. A fala dele foi brilhante, fiquei minutos pensando sobre e é uma pena não conseguir retratar aqui exatamente tudo que ele falou.

O fato é que Patos me passa um sentimento nostálgico, dos dias, momentos, esquinas em que se passaram conversas intermináveis, bares e restaurantes que eu freqüentava com pessoas que fizeram parte da minha vida durante anos e que hoje eu mal as conheço, assim como elas mal me conhecem. As casas em que morei, as ruas nas quais eu caí andando de patins, as árvores em que eu subia, hoje cortadas.

Não trato nostalgia como tristeza. Nem como saudade. Voltar me faz entender porque eu fui embora. Crescer aqui foi a melhor coisa que podia ter me acontecido, a infância em cidade pequena é mais feliz, afinal, nada como fazer coisas como jogar amarelinha na rua e desligar o padrão da vizinhança. Mas eu não consigo me ver aqui pro resto da vida. Morar em cidade pequena é bom em um filme, onde as pessoas andam de bicicleta e trocam alimentos e alfinetadas com os vizinhos. A realidade passa distante.

Voltar pra cá me faz sentir velha. Acho que é isso.







"So here I go, still scratching around the same old hole

My body feels young but my mind is very old

So what do you say?

You can't give me the dreams that are mine anyway

You're half the world away

Half the world away...

I've been lost, I've been found, but I don't feel down."

(Oasis)




Por B.G.