sexta-feira, 27 de junho de 2008

Mês

Saudade de te ter sem te sentir, sem ter sentido, sem saber. Saudade de te ser sem ser lembrada, de saber te ter comigo sem chorar, sem ter sentido. Saudade de te saber antes de tê-lo sentido. Saudade de você como era quando eu me esqueci do rosto dos seus amigos. Quando eu te sabia pouco e só.
Quando eu te conhecia mais que a noite, mais que o álcool, mais que você mesmo.
Vontade de que eu fosse sempre isso e nunca mais pernas abertas sob a almofada para receber o laptop numa madrugada fria.
Antes você estivesse aqui e eu não mais escrevesse.

Saudade te começar comigo.

Laís

(texto das QUINTAS FEIRAS, atrasado)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Só queria que você soubesse...

Sempre que via as pessoas juntas, se amando, eu pensava que um dia ele ia chegar. Não um príncipe montado num cavalo branco, mas alguém especial que quisesse me doar todo o seu amor e recebê-lo de mim, desta vez, sem reservas.
E onde estará ele? Se puder me ouvir agora... Que chegue logo! Tenho medo de que ele já tenha chegado e eu, com todo o meu orgulho e timidez não o tenha notado ou esteja desprezando-o não por ser impenetrável, mas por não conseguir me aproximar.
Sei que preciso mudar isso em mim, essa paralisia injustificada, mas infelizmente é isso que acontece com os poucos homens que me tiram o controle da situação e, depois de um tempo, de mim mesma.
Não consigo mais prever todos os comportamentos, sinto que nesse momento estou envolvida, de corpo e principalmente de alma, em uma situação, quiçá relacionamento, que não tem começo, não tem meio e não sei se um dia terá fim, já que isso nunca começa para valer.
E sei que perder o controle me desestrutura inteira, me deixa numa tontura irresgatável, um mergulho que prefiro me afogar a ter que voltar à superfície e enfrentar uma situação de desconforto e, pior, descontrole.
Existe alguém... Mas não o conheço por completo, não sei por onde ele anda, o que pensa de mim, o que almeja e o que sente. Não sei nada. E daria muito para descobrir tudo isso e me aproximar dele, mas parece que ele também fica paralisado, ou talvez não se importe comigo.
Um dia, quando nos encontramos e disse estar exausta, ele sugeriu: “Escreva!”
E aqui estou eu... Tentando colocar em palavras o que não sei estar sentindo. Tentando transpor uma confusão de sentimentos que se entrelaçam e voltam a se desfazer, que se encaixam e se desencontram quase que ao mesmo tempo.Você é confuso, é complexo é do jeito que eu gosto... Se tivesse coragem conversaria com você, te pararia no meio da rua e diria tudo que está passando pela minha cabeça, te seguraria pelos braços e faria você desvendar todos os mistérios que aparentemente esconde e, principalmente, faria você me dizer o que realmente pensa e sente por mim. Juro, eu agüento se disser que não sente nada, se disser que não quer se envolver. Eu agüento! Pior, é não saber... Pior é deduzir sem certezas, acreditar sem ver concretamente. Nunca fui boa em abstrações, tampouco em subjetivismos. Só queria que você soubesse, talvez isso facilitasse um pouco as coisas...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Sem título



Eu gosto de você
qual escrevesse
um verso entre o susto e o riso
como
não esperasse despertar
com sono
a música favorita na rádio.

Eu gosto de você
como encontrasse
num livro velho, um bilhete antigo
como matasse saudade
qual fosse
fazer as compras do mês
e voltasse
com flores entre o arroz e o limpa-vidros

Eu gosto
qual bagunçasse os cabelos
de estrada,
do vento de mato e asfalto
Gosto
como me esquecesse das horas
pela conversa
em tardes sem sentido

Gosto qual visse, fosse, ouvisse, errasse
como tolice, doce, abraço, almoço,
Viagem.
Gosto como se amasse.

Eu gosto de você,
no entrelaço
dos nossos dedos.
Gosto
do que quer que fosse
que envolvesse ter você comigo.

Laís de Oliveira


"Well the stars up in the sky and the leaves in the tree
All the broken bits that make you trip up and the grassy bits inbetween"
Birds, Kate Nash.