quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Soneto aleatório

Seus olhos ‘inda se sossegam, claros
Nos meus, no entanto eu não os tivesse quisto
Lembrar e os escrevi pra esquecer, visto
que a poesia é, do esquecer, o amparo.

E eu quis tranqüilizar-me n’alguns raros
Versos para esquecer-te, no que insisto,
No que não há sucesso , no imprevisto
Desejo meu por seus olhos, avaro.

Que eu me sossegaria se os meus versos
Bastassem pra escrever isto que os cria,
Que me corta, rasga, me beija, existe

Em desnorteio, em meus olhos dispersos
Na minha abstinência de poesia
Pra te lembrar mais puro e eu, mais triste.

Laís de Oliveira