Era sexta-feira, numa dessas aulas de Direito, Guimarães Rosa me mostrou que toda mulher é um pouco de Geni. Explico-me. Ser mulher é um pouco, ou melhor muito, de ser Geni, de se dar ao outro e nem sempre receber de volta. Só mulher pode ser mãe, isso por si só, já explica muito. É mulher que dá seu útero, para gerar por nove meses os filhos que um dia serão do mundo, ela dá a luz, a vida, o leite, o carinho, e as noites sem dormir, mas como falar só no lado materno de ser mulher seria cair em pieguices e frases feitas. Mulher se doa de muitas outras maneiras. Ser mulher é seguir cotidianamente um ritual quase sagrado. Um ritual de doação. Para mulher nunca falta tempo, ela veste os filhos, vai à academia, trabalha, estuda, mantém a casa em ordem, se pinta, canta, colhe flores, se mostra e se esconde num mesmo momento. Somos elas, que estamos lá para perguntar como foi o trabalho, entendê-los nos momentos de estresse, nos interessarmos pelas coisas da faculdade deles. Somos nós, somos elas, que fazemos unha, cabelo, massagem, comida, faxina, bolo. Ainda sobra tempo pra tomar o iorgute zero de gordura, pentear os cabelos com carinho, passar o batom que combina com o tom da pele, calçar o sapato de salto e chegar a tempo para reunião daquele emprego super importante. Manter-se bela para o bem de todos. Fazer sempre pelo coletivo. Tudo bem que não é preciso "deitar-se com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre (...) do enorme zepelim prateado", às vezes é mais sutil, como engolir o choro, fingir o orgasmo, ou assistir pela décima vez com o filho o filme do Nemo.
Não falo isso por machismo ou femismo, Pagu, Beauvoir, e outras, todas se doaram; Pagu foi tanto do comunismo, como de Oswald Andrade e Rudá; Beauvoir se doou ao existencialismo, ao feminismo e a Sartre. Elas, como eu, como minha mãe, minha vó e tantas outras Marias Mulheres por aí, nos doamos, ao Direito, aos maridos, à Engenharia, aos filhos,ao Greenpeace, ao namorado, à política, às amigas, ao xadrez, ao skate, ao ballet... Porque toda mulher é Geni e Benfazeja, em maior ou menor grau!
Na foto Pagu, Oswald Andrade e o filho Rudá
Não falo isso por machismo ou femismo, Pagu, Beauvoir, e outras, todas se doaram; Pagu foi tanto do comunismo, como de Oswald Andrade e Rudá; Beauvoir se doou ao existencialismo, ao feminismo e a Sartre. Elas, como eu, como minha mãe, minha vó e tantas outras Marias Mulheres por aí, nos doamos, ao Direito, aos maridos, à Engenharia, aos filhos,ao Greenpeace, ao namorado, à política, às amigas, ao xadrez, ao skate, ao ballet... Porque toda mulher é Geni e Benfazeja, em maior ou menor grau!
Na foto Pagu, Oswald Andrade e o filho Rudá
Postado por: Anne Keat