quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

um soneto

Soneto XXI

Criou o homem, Deus, de brincadeira
E fê-lo belo, a si refletido
Deu-lhe ilusão e folhas de videira
À imperfeição tornou-o divertido

E tão bem pôs-lhe enganos na algibeira
Que humano, mais que havia de ter sido,
Tornou-se o homem e à mesma maneira,
Mais que entende Deus, triste e sofrido.

À frente o criador entre seus jogos
Sem perceber a cria, esta sem vê-lo,
Aquele a rir em seus secretos planos.

O homem sempre à busca d’um tal logos,
E ri-se Deus, que não sabe os apelos
Daquele que em vida é humano.

2005

Laís de Oliveira