quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Mudança e Reforma

Não se imagina quanta poeira cai em uma reforma. Das poeiras, a que mais se sente é a que não suja os pés, a que foi limpa antes que você chegasse.
“Minha casa não é minha, nem é meu este lugar”. Talvez o seja o lugar de onde vim em voltar para casa, lugar que pode ser que seja já minha casa e não este lugar onde estou. As paredes daqui pedem as novidades difíceis de serem contadas, mesmo para as paredes. Eu as conheço, sei como acomodar as costas nelas, mas pergunto por quê estão, assim, rejuvenescidas... Eu me sinto mais velha. Parece que minha reforma foi ao contrário e, no entanto, o novo envelhecido em mim é tácito, a vista não alcança nem é possível de se explicar – o que não implica a interação com paredes, que não têm e olhos e duvido muito que tenham ouvidos. Talvez a novidade se possa sentir e parede sente. Mesmo assim eu sinto, nelas, uma indiferença de branco, de gelo. Difícil confiar em quem se pinta assim... não se sente à vontade para falar de novidades...no máximo, para acomodar as costas. Coisa antiga pintando-se de nova... não se pode confiar. Talvez seja excesso de implicância com as paredes...talvez devido ao fato de que, entre elas e eu pinta uma empatia, tácita como nossa interação. Paredes sabem descobrir segredos – tenham elas ouvidos ou não. Descobrem mesmo aqueles que ainda escondemos de nós mesmos; talvez o que me incomodasse nas mesmas paredes antigas pintando-se de novas fosse que elas soubessem que minha reforma é como a delas.
Talvez.

Laís de Oliveira

Do mais que é mais sério é mais díficil escrever.

"...
Wake up naked drinking coffee
Making plans to change the world
While the world is changing us
It was good good love
You used to laugh under the covers
Maybe not so often now
But the way I used to laugh with you
Was loud and hard
..."

Dave Matthews' Band, Stay or Leave