quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Equinócio

Em ti
eu quis ver as tardes de maio
Em seu azul intenso e pleno, pálido
Teus olhos.
Nos meus, insistência, o ensaio
de amar simples
num beijo, imenso e cálido.

Em ti
eu fiz meus passos, um cenário
para segui-lo e meu cotidiano
Fi-lo meu guia e consultor,
meus planos
Fiz seu café
Meus dias, seus horários.

Em ti
eu vi contrastes, do mais sábio
ao leviano. Violento e doce.
Cores de tons pastéis
ao vinho, lábios
gentis, irônicos.
És qual não fosse.

Em ti
a tarde encheu-se de um vazio
chuvoso. Era setembro e eu, sozinha.
Tuas mãos se esfriaram
Antes que as minhas
queimassem. E eu me esqueci do estio.


Laís de Oliveira
Belo Horizonte

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Passeio

"Sometimes I feel so happy

Sometimes I feel so sad

Sometimes I feel so happy

But mostly you just make me mad

Baby you just make me mad"

Pale Blue Eyes, The Velvet Underground


Distanciou-se uns poucos passos à minha frente e eu pude vê-lo caminhar. Se eu não estivesse ali alguns segundos antes poderia facilmente se passar por um desconhecido que eu ultrapassaria, indiferente, sem notá-lo ou, no máximo, notando a combinação rara das calças cáqui e o tênis, o que eu esqueceria em seguida, ao que visse outra coisa qualquer – um carro que riscasse a cena, um papel no chão ou o número das casas.


Que diferença fazia, então, que fosse ele e que ele fosse tão diferente dos outros? O que a fazia prestar atenção nos seus passos e analisar o seu todo, do desenho de nuca aos braços acompanhando sem muita harmonia o ritmo das pernas? Sua caminhada era como algo que ela devesse seguir e o sentimento por pouco não se arrebatava no impulso de correr e apertar-lhe os braços: leve-me. Se olhando-o de longe era tão ordinário vê-lo, que diferença ela via entre a cadência dos seus passos e a de qualquer outro? Qual era o sentido de sentir no rosto assomar-se um sorriso que era sincero e sem pensar ao vê-lo caminhar de longe, quando os olhos não puderam reconhecer ainda o rosto ou a cor dos olhos, mas tão só a silhueta e a sombra dos gestos?

Ela sabia que olhar nos seus olhos era despensar de tudo isso e dela mesma, como se o pensamento fosse tão somente o necessário para nos lembrarmos de algo que ainda não é, a representação do que deve ser, que devemos buscar, aquilo que está por fazer e não pode ser visto. Como se pensar fosse a antecipação do ser, a distração e o trabalho da alma. Mas ele tão somente era, que era desnecessário pensar. Era tão natural que à sua frente ela encontrasse o ideal e sua cabeça se inibisse de todos os pensamentos, que ela se sentia bocó, sem sentido, preguiçosa. Ele se fazia na frente dela e a desobrigava de criar. Tudo era somente leve, sem raciocínio, o que os filósofos talvez elogiassem ou tratassem com repúdio. Ela era simplesmente o que devem ser as crianças no estado em que o mundo é dado e não há nada no mundo que se desconheça, exceto os nomes que se dão as coisas. De olhar para ele, nela restavam poucos resquícios do vocabulário, só as qualidades essenciais: azul, belo... Era, no mais, a idéia do que as coisas são antes que a elas seja dado um nome. Ela sentia como se ele a falasse por telepatia.

No entanto, tão somente vê-lo andar, pelas costas, já a fazia senti-lo além da rua, do barulho dos carros ou do frescor do vento. Não lhe daria maior importância se não o tivesse olhado, antes, por mais de um minuto. Talvez se nunca tivesse visto seus olhos...

Agora os passos rápidos que se distanciavam à sua frente a incomodaram como um despertar barulhento e repentino, dos que misturam a raiva do susto à nostalgia do sonho, mas com o que ela sonhava? Apressou-se a encontrar seus passos e, quase de encontro destes, aquelas mãos que os acompanhavam numa arritmia única a buscaram, antes... Vamos!


Laís de Oliveira

Quinta-Feira, 11 de Junho de 2009

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Subliminar



Inquietante
Impulso
Os dedos querem
Escreva! - pedem -
Eu censuro, tensa
Na rigidez contrária ao que se pensa
Recuso as letras de um rabisco vago

Rabisco teu
Sem previsão, sem crença
Nem contas, nem raciocínio
Sem lógica
Leve como um já saber repentino
Tal qual o fosse sempre
Como o trago

Natural
Claro que seja escrito
- se o censuro - incessante
Disfarça
Rima-se como o penso
- endosso a farsa - Eu
Te escrevo sem notar
E não apago.


Laís de Oliveira
3 de Junho de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Texto

Vinho para escrever, queijo para engordar... A noite se parece com alguma em que eu acabava de chegar aqui. As luzes me parecem novas, o cenário é quase inédito. Escrevendo, eu me lembro dos textos que perdi, do que ficou por ser dito. Eu deveria sair, esta noite, recuperar nas ruas a escrita que um dia o asfalto me inspirou e as luzes amareladas ditaram, para que eu recuperasse também o amor passado e a nostalgia de outros tempos. Mas estes já se foram, e, mais do que meu hard disk, estas memórias são irrecuperáveis.
No entanto, a sensação de tudo novo em dá uma impressão de nova chance, como se agora me fosse dado voltar e recuperar antigos feitos, e refazê-los, aprimorá-los, olhar mais vezes. Da janela, talvez as lâmpadas de rua são as mesmas. Talvez à distância elas parecessem trocar de lugar. As luzes acesas, enquadradas nas janelas dos prédios, de repente me lembraram de você, que eu sei que é amarelo, relembro segurando o riso, por saudade, ou zombaria por mim mesma. Eu sei que quis te escrever antes que o conhecesse, e agora seu texto perdido e esta noite nova me confundem... Já o conheci?
O efeito do vinho passa, eu devo sair.
Eu deveria te encontrar sobre a cidade, sem que o esperasse. Você não me veria e, futuramente, nenhum de nós ia lembrar como nós nos conhecemos, como se nós de muito já nos conhecêssemos... Talvez houvesse álcool e um amigo em comum, ou ninguém em comum, ou ninguém. Deveriam só haver as luzes amarelas e nós... O sabor rescendente do vinho e a saliva pesada de queijo, para que o fermentado da cerveja acentuasse a sensação de preenchimento. Mas agora me lembro, quase sóbria, que quase já não acredito em você.
Você é um texto a ser escrito, aquele que vai me acompanhar por estas noites para que eu não tenha outra ocupação, senão dizê-lo. Senão fazê-lo rima. Poesia, texto: registros do que nunca foi, o fundamento da escrita de um poeta, a musa inacabada. Vinho para escrever. Queijo para engordar. Eu sei que você não existe? Eu acredito? Eu somente te escrevo como um agrado para os meus dedos? Você é rima e não poderia ser mais que isso, outra coisa.
No fundo espero, ou eu sei que hei de encontrar-te nos teclados, nestas noites, até que as teclas se desgastem e eu as adivinhe para contá-lo. Até que eu me desgaste e seja sua, até a 38º edição, ou até a publicação na banca mais próxima.
Até que eu finalize um livro num final amargo e inacabado, daquele que só eu conheça, para satisfazer-me de manter algo seu em mim. Para que eu te leve comigo.

Laís de Oliveira

"Era hora de acordar
Tinha um mundo pra aprender
Tem às vezes que brigar
Pra tristeza não vencer
A vontade de dançar
E a criança pra nascer
Mala grande pra arrumar
Vinho branco pra esquecer"
Sinhazinha (Despedida), Chico Buarque

quinta-feira, 19 de março de 2009

Coisas

As minhas coisas começam a se parecer com como elas serão, como as coisas da minha mãe eram pra mim quando eu era pequena.
Como se meus livros, ou o colar de cerâmica que acabei de comprar, me lembrassem de que o tempo passa, de que a vida é uma só. A mesma vida em que se adquire a edição comemorativa de “Cien Años de Soledad” é aquela em que meu filho vai ter um livro grosso, verde e de capa dura nas memórias da estante de sua mãe, na infância, e ainda a mesma em que ele irá, provavelmente, se aventurar a lê-lo e sentir a passagem nostálgica do tempo dos Buendía, percebendo, ou não, a nostalgia da passagem do seu próprio tempo. Talvez o ajudem a perceber, as páginas amareladas.
Talvez minha filha experimente meu colar de cerâmica, os pés descalços sobre o assoalho da nossa casa, admirando-se no espelho na fantasia de ser gente grande, como a mãe. Talvez, então, eu já tenha me cansado do colar e ele vá pertencer à caixa de brinquedos dela, até que ela também se canse, esqueça. Talvez ela não note o quanto já se passou em mim, de quanto já me esqueci – embora tanto tivesse amado, quando era tempo. Espero que ela não tenha o mesmo medo do futuro que eu tinha, resumido no medo de crescer. Que, no entanto, ela ame o presente com a mesma intensidade, mas que não tenha a nostalgia de deixá-lo, que viva com leveza as fases, deixando ser o que ela será e amando tudo o que ela foi, mas livre.
Assim, as minhas coisas parecem o que serão, mas logo voltam ao normal. A nostalgia de hoje, na perspectiva do futuro sentido, se mistura na nostalgia do sentimento de futuro passado. E eu não tenho mais o que fazer do que comprar novos livros e lê-los, assim com os colares, usá-los, como o tempo.
No entanto a nostalgia pese, eu sinto amor pelo que as coisas são agora, em sua juventude, inocentes pelo que deverão ser. Eu sinto amor pelo que sou, enquanto ainda posso inventar meu futuro – e sentir saudades do presente.


Laís de Oliveira

sexta-feira, 13 de março de 2009

Descora com o sol



Nota-se que uma cidade já se tornou antiga quando há alguma memória distante o suficiente para ser nostálgica. Da primeira vez que se olha para uma esquina qualquer e se lembra dela vista em outras cores, com olhos antigos.
Belo Horizonte começa a me parecer o que deveria, quando me mudei, e eu já começo a rever paisagens não com o orgulho embriagado da mudança e da vivacidade de uma nova fase, mas com a nostalgia e a saudade de quem reconhece, naquela paisagem, um tempo que não volta. Outubro pode voltar, mas aquelas cores de outubro não voltam.
Eu me arrependo por não ter escrito mais e guardado todas as imagens como elas eram, mas sei que a euforia por guardar todo o momento com os olhos e na pele me fez sentir-me avessa ao isolamento triste da escrita. Sinto que Belo Horizonte é minha casa quando eu consigo ter memórias nos seus quarteirões e quando sinto, desde já, a nostalgia de ter de deixá-la – manifesta no desespero por aproveitar cada espaço.
Posso reler meus versos, mas eles nunca terão a força dos que não foram escritos.
No fim, o melhor que faço é acreditar nas palavras que guardam algo do que era e na saudade das esquinas nas suas cores e segredos, quando eu as desconhecia.
Hoje o meu dia as torna corriqueiras e eu as sinto como se fosse ontem.

Laís de Oliveira, 12 de março de 2009 (madrugada)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Faz tempo

Que eu não posto aqui.
Que eu não me sinto tão fraca, tão vulnerável.
Talvez tudo seja fruto apenas das noites mal dormidas. Lugar infernal esse onde moro. Queria sair daqui, ir pra outro lugar.. Qualquer lugar em que eu não precisasse discar 190 de dois em dois dias, acordar ao som de sirenes ou filhos da puta berrando e tocando vioção no meio da madrugada. Preciso sair daqui, e vou, mas toda vez que eu realmente me decido aparece um porém; "a big and fat" porém.
Há tempos não me sentia tão sensível, tão... sozinha. É o costume errôneo de ter alguém sempre ao lado, de ter sempre algo pra fazer. Começar a trabalhar me fez um bem que eu nem podia imaginar, mas não preenche todo o tempo, e, principalmente, não preenche o vazio. Esse ano começou novamente sem grandes planos, entretanto, é bom não ser a mesma pessoa acomodada e átoa que eu sempre fui.
Hoje não vou olhar a ortografia, não vou me preocupar em escrever algo coerente, bonito. Hoje eu só quero voltar.
Porque há pouco tempo eu descobri que anos podem não significar nada, não se as atitudes não mudam, não se o sentimento permace o mesmo. Assim como existem e sempre existirão aqueles momentos em que você sente que a partir dali nada mais será igual. E só não quero e não posso perder a esperança, afinal, cedo ou tarde algo há de mudar.
Só espero que seja para melhor.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Bom dia



"Vio una mujer vestida de oro en el cogote de un elefante. Vio un dromedario triste. Vio un oso vestido de holandesa que marcaba el compás de la música con un cucharón y una cacerola. Vio los payasos haciendo maromas en la cola del desfile y le vio otra vez la cara a su soledad miserable cuando todo acabó de pasar, y no quedó sino el luminoso espacio en la calle, y el aire lleno de hormigas voladoras, y unos cuantos curiosos asomados al precipicio de la incertidumbre. Entonces fue al castaño, pensando en el circo, y mientras orinaba trató de seguir pensando en el circo, pero ya no encontró el recuerdo."
Cien Años de Soledad (fragmento), Gabriel García Márquez



Esta noite uma ansiedade arrepia todo meu corpo e eu mergulho numa insônia inquietante e desesperadora, como a da noite em que nos despedimos para o que seria o porvir de uma nostalgia sem fim. Uma solidão sem tamanho.
Por este desespero ou por ocasião da noite, minhas letras parecem escrever com mais facilidade do que antes, ao menos as palavras me ocorrem com mais clareza. No entanto, o medo de que o sentimento fuja antes que eu possa registrá-lo, imunizando-o contra o esquecimento, faz com que os dedos tenham pressa e somam, à cabeça, mais ansiedade, subtraindo qualquer aproximação do sono.
A inquietude da sensação indescritível, aquela concomitância de sentimentos, o desespero da impotência, da necessidade, da indiferença do tempo e das luzes da cidade, do carro que já se tinha ido quando implorado pelos olhos na janela, do desespero, daquela solidão intensa, da vontade, da imutabilidade, do meu desejo, deste destino, esse desespero na calma tensa da cidade, do meu desatino, da saudade, dessa necessidade, de estar sozinha, de estar aqui, de estar na vida, de ter que fazer algo: a insônia, minha inquietude, a realidade. Quando, num paliativo, por uma última memória, por um registro e para não morrer (de esquecimento ou num vôo pela janela) meu celular chamou seu número, para nunca se esquecer.
E, no entanto eu temo, agora, um dia não me lembrar da cor de seus olhos, como Anna de Amsterdã o fizera, como eu já o havia previsto em seu único poema feito por mim, por consciência do nosso destino, ou porque a fala de “Calabar” tivesse ficado guardada em algum trecho de minha cabeça e eu a relembrasse na ocasião de escrevê-lo (seu poema, ou ele). Leiam-se, neste texto, todas as referências e pronomes direcionados a uma só pessoa, ele só, a quem se dirige esta memória, e não ao sujeito mais próximo, como pede a gramática.
Hoje, eu sinto saudades, e foi o sentimento mais presente nesta última virada de ano, por ironia que seja este inexplicável desconforto originado da ausência o que houvesse de mais presente em mim. Por superstição, eu poderia considerar que este ano eu sentirei saudades. E esta saudade é seguida de um desassossego de não conseguir pensar ou organizar meus sentimentos em idéias, nem minhas idéias em atos, tornando-me, mais uma vez, dispersa, negligente e muda. E desta mudez, eu tenho medo de não dizê-lo, da negligência, tenho medo de deixar para lá até que já não doa, e da dispersão, medo de perdê-lo para o vento ou para idéias fantasiosas, idealizações ralas ou ocupações sem causa.
Claro que, se me fosse possível fazê-lo, eu guardaria nestas linhas todos os momentos, os nossos, desde aqueles que somente me divertiram em serem planejados, feitos de empreitadas loucas, viagens ou cochilos encalorados numa tarde útil, ou aqueles poucos que existiram, que de tão parecidos tornaram-se quase rotineiros e, ainda mais por isso, fáceis de se misturarem na confusão da cabeça quando a memória passa a enxugar as informações que, pelo seu processamento frio, devem bastar se forem reduzidas a uma só que, afinal, sirva para informar o mesmo que as outras, confuso. Guardaria, ainda, nossas conversas, os diálogos sóbrios, os embriagados, os non-sense e os que não chegariam a lugar nenhum, só para que estivéssemos um ouvindo a voz do outro. Ainda, guardaria alguns, talvez, dos diálogos inventados por mim, nos momentos de inquietação e ciúmes, ou saudades, ou ansiedade, de raiva ou desejo. Guardaria, sobretudo, nossos silêncios, quando a conversa se resumia toda no aquecer mútuo de nossos hálitos.
Se conseguisse, eu escreveria seu rosto como é hoje, assim como o meu, para que não envelhecessem, ou para que algumas de nossas expressões não mudassem, esculpidas pelas palavras como em mármore, numa estátua que nos eternizasse em alguns momentos; a sua cara de susto, o seu olhar de sorriso, ou mesmo aquele desolhar de soslaio, negligência ou distância. De mim, eu guardaria algumas expressões que eu me lembrasse ter lido no seu rosto, refletidas nos olhos, ou algumas que senti, como um sorriso ruborizado.
Mais indescritivelmente, já que falo do inefável, eu tenho uma vontade de guardar para sempre, senão a sua memória impregnada em certas músicas, ao menos a sensação de ouvi-las, a sua imediata e inevitável presença em mim, ou de algum dia nosso, algum sentimento ou história, ou ocasião, seja a referência por culpa da letra, do que tocava naquela hora, do que foi recomendado ou do que foi sentido. Tenho até álbuns em seu nome... E ao mesmo tempo em que os devo continuar escutando, já como outros homens, em outras noites, entre tantas pessoas diferentes, eu guardo um sentimento quieto e uma vontade de parar, sair, de me distanciar por um momento da conversa ou de interromper o que houver, para, sozinha, escutar e me esforçar para lembrar ao menos um pouco do que aquilo me significou um dia.
O que eu sinto dele é uma vontade de sentir. Além da sua ausência, da saudade dele, uma saudade da saudade, dos sentimentos, da importância, da sua imprescindibilidade diária para mim. Sobretudo, este sentimento desconfortante de ausência, seja de memórias, de registros; fotos ou definição, dos momentos, de sentir, ou dele mesmo. Para não mencionar a ausência de palavras e esta solidão imensa. Ainda, é reconfortante sentir saudades, ou esta inquietude, seja o que seja, pois é qual fosse a sua memória, ou de nossa vida, presentes em mim.
E enquanto, na vida, eu sentir saudades, a memória vai processar tudo friamente nostálgica e, numa referência óbvia, me fazer me lembrar dele, assim como quando me inquietar essa solidão sem fim. Ainda que eu não me lembre da cor dos seus olhos. Eu vou sentir, sem saber.


Laís de Oliveira
06 de Janeiro de 2009, madrugada

(Post das Quintas-Feiras em mais hora extra)