Temo esquecer seus olhos
Como beijos
Se digerem, engolidos pela boca.
Temo perder seus braços
Como esfriam os nervos, sem o esquentar do abraço.
Temo perder seu riso
Como os passos que não ecoam mais dentro do quarto.
Temo perder meus passos
Em que falte
Seu desnorteio, o norte que preciso
Nas suas noites. Sua valsa louca,
Seu desatino, esse meu desespero.
Temo esquecer o dia em que me veio
Você e eu me esqueci dos planos
Fora da sua vida
E me embalei
No cambaleio leve dos seus passos.
Temo
Esquecer que me arrastei por seus passos
Que me ofereci, nua, aos seus braços
Que enlouqueci no vício por seus risos.
Agora, temo porque a noite passa
Que o temor se alivia com cachaça
E te esquecer dói tanto, que é preciso.
Belo Horizonte, 20 de dezembro de 2008
Laís de Oliveira
[Postagem das Quintas Feiras fazendo hora extra]