sábado, 1 de março de 2008

Linhas Tênues

Sou feita de sentimentos incompreendidos e não terminados. Talvez seja por isso que eu sinto como se durante toda minha vida eu tivesse andado em círculos. E continuo andando.

Não sei se amei. Aliás, minha idéia de amor sempre andou ao lado de algum tipo de obsessão, necessidade, então não sei dizer. Li uma vez que amar é dar, paixão é tirar. Nunca soube fazer nenhum dos dois.

Não sei se odiei. Dizem que amor e ódio andam juntos, não acredito nisso. Você pode ter raiva e mágoa de alguém que já amou, mas não ódio. Amor pede reciprocidade, confiança pede lealdade, se você não recebe nenhum dos dois pode sentir uma infinidade de coisas, mas não ódio.
Já me odiei algumas vezes. Não estou falando de arrependimento. Me odiei porque sou fraca, não com os outros, mas comigo mesma. Me odiei porque me traio com a freqüência e intensidade que ninguém mais poderia.

Não importa.

Sabe o que eu queria? Me livrar dos conceitos, do inacabado. Começar do zero. Menos ceticismo talvez. Mais ignorância. Procurar menos, saber menos, viver mais. Por que afinal? Ando procurando respostas inúteis.
Por vinte anos tenho vivido sentimentos pela metade.
Não me conheço, nem pretendo.



Nascer de novo seria bom. Reviver pequenas alegrias da infância...




“Sinto-me um barquinho, e a vida um mar terrível.”
(Guimarães Rosa)

Um comentário:

Unknown disse...

Uau, amiga!
Super identificação com cada palavra jogada.

Amei e odiei como toda gente, mas para toda gente isso foi normal e instintivo, para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo. Não sei se a vida é pouco ou demais pra mim, não sei se sinto demais ou de menos. Seja como for, a vida de tão insuportavel todos os momentos, a vida chega a doer, a enjooar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casa, de todas as lógicas, de todas as sacadas... e ir ser selvagem; entre árvores e esquecimentos.