Há quanto tempo não as escrevo aqui. E há muito tempo não me eram tão poderosas.
Poderia ter mudado toda minha semana com uma frase, melhor, retirando uma frase. Digo isso pra não parecer exagerado, já que na verdade eu poderia ter mudado toda uma vida. E não só a minha.
Foi assustador.
Três palavras mudaram o rumo de quatro pessoas e ecoaram em minha cabeça durante 7 dias. Poderia tê-las abafado, pensei. Entretato, arrpendimento não é algo costumeiro pra mim, mesmo porque eu não posso me arrepender do que sou, já que hora nenhuma conseguiria ter feito diferente. Principalmente quando o diferente é errado.
Cinco minutos me fizeram passar quarenta e duas horas acordada. Duas ligações resolveram minha vida.
E o que mais move meu destino senão números e palavras?
Quem me dera você tivesse ouvidos.
sábado, 26 de abril de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Vaguice
Há coisas que me atrasam a vida irreversivelmente. O suor de dormir à tarde com o sol ardendo atrás dos panos da cortina, ou o de não ter sono quando a noite encarna o dia.
Me ocorre que eu nasci para o pequeno, para achar no rotineiro o traço involuntário de cada dia, o que há de mais desencontrado no que se espera das ruas, gentes e calçadas.
Parece que o que faço bem é adivinhar poesia quando a rua, sem querer, deixa entrever um qualquer que passa e ri sozinho. O pouco me alegra mais do que saber de todos os anseios dos homens de todos os tempos, de todos os códigos que engendraram o que, hoje, fazemos. Gosto de pôr os dedos no que somos e olhar para o que vemos quando a tarde é de sorvete, ou de preguiça.
Contudo, eu perco o hábito de competência e as chances de mercado. Oxalá meu currículo incluísse o como lido bem com o passar da tarde e a montagem do que será a noite: focos amarelados pelas ruas, mesa no passeio, gente sem mais que braços, olhos, dedos.
No entanto eu sei que o pequeno me assusta na extensão deste infinito ao contrário. Tanta grandeza de detalhes que eu temo querer enumerá-los em prosa, fichas, tópicos ou tese.
Quem dera eu não olhasse pro relógio e rabiscasse esse registro tenso por render um pouco.
Laís de Oliveira
Me ocorre que eu nasci para o pequeno, para achar no rotineiro o traço involuntário de cada dia, o que há de mais desencontrado no que se espera das ruas, gentes e calçadas.
Parece que o que faço bem é adivinhar poesia quando a rua, sem querer, deixa entrever um qualquer que passa e ri sozinho. O pouco me alegra mais do que saber de todos os anseios dos homens de todos os tempos, de todos os códigos que engendraram o que, hoje, fazemos. Gosto de pôr os dedos no que somos e olhar para o que vemos quando a tarde é de sorvete, ou de preguiça.
Contudo, eu perco o hábito de competência e as chances de mercado. Oxalá meu currículo incluísse o como lido bem com o passar da tarde e a montagem do que será a noite: focos amarelados pelas ruas, mesa no passeio, gente sem mais que braços, olhos, dedos.
No entanto eu sei que o pequeno me assusta na extensão deste infinito ao contrário. Tanta grandeza de detalhes que eu temo querer enumerá-los em prosa, fichas, tópicos ou tese.
Quem dera eu não olhasse pro relógio e rabiscasse esse registro tenso por render um pouco.
Laís de Oliveira
terça-feira, 22 de abril de 2008
Amantes falsificados!
Ate parece que e a primeira vez que eu roo todas as unhas, esperando pelo telefone que nao vai tocar. Essa cara de noiva de marinheiro já é minha há muito tempo. E agora eu cansei de esperar, vou tomando conhaque, porque de tanto esperar eu posso me desesperar. Chega de amor barato, aqui em casa já tá cheio de made in china, um amante falsificado seria só mais um bibelô juntando poeira na prateleira. Troquei meu vestido florido, de esperas no porto, por uma calça velha, azul e desbotada, que é de sai por aí, bebendo que é pra não chorar!
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Em contraste
Acabou a luz no meu quarto e eu escrevo contrastante, neste laptop à luz de velas.
Não quero me demorar nestas linhas, que ando mais pra leitura nestes dias e não pretendo cometer um plágio sem querer, nem ao menos soar mais contrastante a algum leitor - na releitura do que eu reescrevo, de ler outra leitora - do que este laptop às velas.
Do meu gato Noir, só vejo os olhos. O resto é amarelo, branco e preto, de contraste.
Te doaria um sonho de Bonfim e algumas noites de cinema e bruma de cidade histórica, para encontrar você no tempo em que eu não era seu passado.
Laís de Oliveira
"
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Hedonista convicta!
A semana foi passando rasteira, sem que eu percebesse. Continuo inoperante. Minhas ideias sao geniais, minha preguiça fenomenal. Mas talvez seja esse o tal do esquilibrio divino. E eu fico aqui, digitando bobagens, com os cadernos do meu lado. Eu deveria estudar filosofia, ou qualquer outra coisa, sair dessa inercia. Talvez assim eu nao tivesse tanto ciume daqueles que sentam nos botecos e conseguem sustentar as mesmas ideias que eu tenho, mas citando um bando de gente famosa. Mas talvez se eu tivesse lido todos esses livros essas idéias não mais brotariam na minha cabeça, quem sabe. Vai ver é isso, como disse a Clarice Lispector: ando com medo de me contaminar com o escrito do outro.
Às vezes até tento me enganar com essas desculpas meia-boca de conservar minha originalidade, ou até a mais escrota delas: de que não tenho tempo. Mas o fato mesmo é que prefiro cultuar Dionísio a Atenas. Talvez seja essa minha natureza, chega até a ser romântico. Nos livros que eu leio nunca vi uma bonne vivante, assim mesmo, no feminino. Acho que foi para isso que eu vim ao mundo. Pra brindar a vida com um bom vinho, pra cultivar os maus costumes, ou, na falta de dinheiro ser discípula de Kerouac. É, porque dessa de intelectual eu cansei. Quero mesmo é o prazer desmedido. E vida longa ao hedonismo!
Às vezes até tento me enganar com essas desculpas meia-boca de conservar minha originalidade, ou até a mais escrota delas: de que não tenho tempo. Mas o fato mesmo é que prefiro cultuar Dionísio a Atenas. Talvez seja essa minha natureza, chega até a ser romântico. Nos livros que eu leio nunca vi uma bonne vivante, assim mesmo, no feminino. Acho que foi para isso que eu vim ao mundo. Pra brindar a vida com um bom vinho, pra cultivar os maus costumes, ou, na falta de dinheiro ser discípula de Kerouac. É, porque dessa de intelectual eu cansei. Quero mesmo é o prazer desmedido. E vida longa ao hedonismo!
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Deste outubro
Ele traria as flores de outubro que ela escrevera, há tempos.
O céu de abril, raleado de nuvens afiladas com seu azul fraco, relembraria outubro em chão e flores, de poeira e ornamentos.
Quiçá ele devesse relembrar setembro se evaporando de agosto, que outubro foi, por fim, um mês vazio de constâncias, foi preparo de um novembro que não teve, ou que teve e passou saudoso de ainda ser outubro. Novembro foi, por fim, enevoado em suas dores e eu me perdi em folhas, como o mês em suas nuvens.
Dezembro, eu já me esquecia de outubro. Janeiro, eu já nem era.
Em fevereiro eu confirmei a idade que eu já tinha e, pelo menos, deu saudade de outros sonhos. Foi choro e precisado, quando de abandonar os planos para ver estas montanhas outra vez. E desde então, não tenho tido casa.
Março foi sem quase ser notado. Parece que me apaixonei às noites, pela chuva amarelada com as luzes. Sei que março teve fim já em abril, que sumiu com seu início.
Agora volta outubro, com as cores que deixei há vários meses.
Laís de Oliveira
O céu de abril, raleado de nuvens afiladas com seu azul fraco, relembraria outubro em chão e flores, de poeira e ornamentos.
Quiçá ele devesse relembrar setembro se evaporando de agosto, que outubro foi, por fim, um mês vazio de constâncias, foi preparo de um novembro que não teve, ou que teve e passou saudoso de ainda ser outubro. Novembro foi, por fim, enevoado em suas dores e eu me perdi em folhas, como o mês em suas nuvens.
Dezembro, eu já me esquecia de outubro. Janeiro, eu já nem era.
Em fevereiro eu confirmei a idade que eu já tinha e, pelo menos, deu saudade de outros sonhos. Foi choro e precisado, quando de abandonar os planos para ver estas montanhas outra vez. E desde então, não tenho tido casa.
Março foi sem quase ser notado. Parece que me apaixonei às noites, pela chuva amarelada com as luzes. Sei que março teve fim já em abril, que sumiu com seu início.
Agora volta outubro, com as cores que deixei há vários meses.
Laís de Oliveira
quinta-feira, 3 de abril de 2008
A Velha e a Moça (ou Prosa de Sete Fases)
Naquela rua se morreria com facilidade. Tantos carros que passavam sem premeditar a ida pelo asfalto, que a travessia era uma aventura de graves imprevistos.
Atravessei sem pressa, para mais admirar a vida.
Eu tenho pena de gastar algumas boas frases com um texto sem sentido. Mas dou-lhe às letras pra que ele se faça... Que alguém nesse mundo tem de ter coragem de ser tão ridículo. Deixe-o ser, meu texto!
Se o mundo é algo novo, eu já o sei de alguns anos. Mas, ainda, gosto de pensar nas ruas como novas candidatas a cenário e paisagem, gosto de pairar meu sono sobre as luzes da cidade e indagar o que há de novo, o que de certo ainda não vi.
Eu tenho a pretensão de saber tudo e admito. Ainda, sei dizer que sei de tudo do que sei. Do que não sei, de fato sei bem nada, mas insisto em inventar.
Sem me contar, eu faço novos planos entre as tardes sem motivo e crio um novo caminhar em toda cria que invento. Minha memória fraca faz com que eu me esqueça do que era ontem e eu sigo, incoerente e sem linhas concisas, descontínua.
Eu choro algumas vezes entre as luas, ponho a culpa nos hormônios. Da mesma forma eu culpo o horóscopo do meu gosto por bobagens. Assim, saio de grandes discussões, que sou passiva e imprecisa. Faço paródias pra não sofrer plágio.
No mais, tenho preguiça de ser algo.
Por fim eu sou confusa e não tenho sentido. Do nada eu me notei com peitos e sentidos com os quais não sei sentir. A culpa não é minha se não tenho me sentido há uns doze anos.
Aí escrevo tonta, que me aguça os sentidos.
Laís de Oliveira
Atravessei sem pressa, para mais admirar a vida.
Eu tenho pena de gastar algumas boas frases com um texto sem sentido. Mas dou-lhe às letras pra que ele se faça... Que alguém nesse mundo tem de ter coragem de ser tão ridículo. Deixe-o ser, meu texto!
Se o mundo é algo novo, eu já o sei de alguns anos. Mas, ainda, gosto de pensar nas ruas como novas candidatas a cenário e paisagem, gosto de pairar meu sono sobre as luzes da cidade e indagar o que há de novo, o que de certo ainda não vi.
Eu tenho a pretensão de saber tudo e admito. Ainda, sei dizer que sei de tudo do que sei. Do que não sei, de fato sei bem nada, mas insisto em inventar.
Sem me contar, eu faço novos planos entre as tardes sem motivo e crio um novo caminhar em toda cria que invento. Minha memória fraca faz com que eu me esqueça do que era ontem e eu sigo, incoerente e sem linhas concisas, descontínua.
Eu choro algumas vezes entre as luas, ponho a culpa nos hormônios. Da mesma forma eu culpo o horóscopo do meu gosto por bobagens. Assim, saio de grandes discussões, que sou passiva e imprecisa. Faço paródias pra não sofrer plágio.
No mais, tenho preguiça de ser algo.
Por fim eu sou confusa e não tenho sentido. Do nada eu me notei com peitos e sentidos com os quais não sei sentir. A culpa não é minha se não tenho me sentido há uns doze anos.
Aí escrevo tonta, que me aguça os sentidos.
Laís de Oliveira
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Palavras bonitas
Agora tá decidido e não tem volta. Eu já tenho o crime perfeito. Vou roubar todas as palavras pra mim, ou melhor, para ele. Vou dar um golpe no país, me tornar ditadora e confiscar todos os dicionários. Em seguida, instalarei uma base em cada biblioteca e livraria do país. Depois serão os livros. Todos os livros, cadernos, folhetins, cartazes, cartas (principalmente as de amor), tudo tudo tudo, será recolhido aos cofres públicos. Não vai restar nem mesmo uma letra, serão todas minhas.
E isso tudo só para dar a ele quantas palavras bonitas que ele quiser.
E isso tudo só para dar a ele quantas palavras bonitas que ele quiser.
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