quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Calendário

"Remember we used to dance"
Stay or Leave, Dave Matthews
No calendário
Os dias são escassos
Para que nos tenhamos
Nossos passos
Estão desajustados e sem ritmo
Estão descompassados.
Houve um dia
Em que dançamos sem pedir, da noite,
Mais que o escuro
E hoje, a noite é rara
Por nossa exigência
Ou nosso descaso
De não saber o que fazer conosco.

Um dia, embora o céu fizesse claro
Eu te esqueci nas nuvens que passaram
Eu te perdi num resto de poesia.

Laís de Oliveira

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mate Couro



O gosto de mate couro me remetia à infância, quando a gente parava, quente, de brincar, com os rostos vermelhos e as mãos esfoladas de poeira e asfalto. Naquelas goladas, se sentia apenas a satisfação pelo alivío do cansaço não sentido, na correria por brincar cada pedaço de dia. Daí era injustiça com a canseira que trabalhava na gente sem dar efeito e um gasto de Mate Couro, que aliviava a gente sem ter sentido, de canseira... Pra não falar no sol que nos transpirava o rosto e a gente nem, esse suor, sentia, ou então se achava bom, pra ver quem era o mais suado. Criança é, sobretudo, algo sem compromisso.
Laís de Oliveira

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Quase madrugada

A paisagem noturna da cidade parece abrigar luzes mais brilhantes, neste dia após a chuva.
Uma música nostálgica me faz lembrar da falta de você que era um onipresente inverso, quando eu não te conhecia.
Agora ouvi-la me faz ter saudade de te sentir nas coisas, para suprir sua falta em café, sorvete ou teatro e não morrer de vazio.
Agora a noite limpa me remete ao seu olhar que eu já conheço, e no entanto nem sequer sei se está distante, nem se o não estaria, em que estivesse perto, fisicamente.
Sobretudo eu tenho falta de você antes do que era, quando era o verbo e a imagem criada em poesia.
Por fim resta a certeza de que não merece, nenhum inclinado a poeta, conhecer o motivo de sua poesia, pois que sem ele é que esta existe. Que a presença da musa é por demais intensa que se exprime ao vivo, que o poeta desmerece o papel.
Quiçá você fosse quando o meu verso o era e eu não te perdesse para escrever poesia.
Deus me livrasse desta noite limpa, e destas luzes da cidade estreladas sobre o asfalto, e sobretudo desta poesia desvairada que esta falta me inspira.

10/11/2008

Laís de Oliveira