Do nada, ele me disse: Te acho ranzinza.
Virei o rosto devagar, olhei em seus olhos, arqueei levemente minhas grossas e mal feitas sobrancelhas, soltei um "oh" meio mudo e voltei a fazer o que estava fazendo.
Não foi um 'oh' de ironia, desdém, ou surpresa. Foi automático.
Bom, pelo menos serviu pra ele ter certeza.
Então, não satisfeito, ele disse: "Por quê?"
"Coisa de criação", respondi.
Mentira minha. De todo jeito não poderia explicar. Não para ele.
Aliás, não poderia explicar nem a mim mesma. Não sei o que me aconteceu nem quando; não lembro de ter me visto e me sentido diferente, mas sei de uma maneira tão certa e minha que não é como se fosse essência, natural de mim.
Envelheci antes do tempo.
Perdi a conta dos finais de semana que passei em casa, não por falta do que fazer, ou por falta de companhia, mas me faltava ânimo, disposição, energia para sair dessa maldita inércia que assola meus dias.
Poupo-me para o que vale a pena, pensava.
Mas o que afinal vale a pena?
Se a verdade é essa, ando me poupando para o nada.
Ainda sim, hoje não sairei de casa. Pra que? ...
P s: Ontem a menina que mora comigo disse: Você é mesmo caseira hein Bruna?
Respondi: “oh”.
sábado, 29 de março de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
Alter-psicoidolatria
"...ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo."
Fernando Pessoa, em "Obra Poética"
Me falta um deus esses dias, nas minhas coisas, nos meus passos. Sinto o oposto da onipresença. Faz tanto que não tenho inspirações sadias ou vontade imensa de fazer qualquer tarefa. A minha escrita se tornou sem graça e as minhas folhas não mais sonham em tornar-se manuscritos de uma grande obra.
Meus dedos têm preguiça e sono, e me contraria o fato de meus olhos estarem cansados de ver e os ouvidos, fartos de ouvir.
Eu já não tenho um deus há muito tempo. E as minhas linhas já se entortaram e eu me sirvo como auto-divindade, no entanto escrevo errado o meu destino, e mal escrito.
Tenho me contentado com clichês e me desculpado ao repeti-los. Ainda, se resta alguma inspiração, eu gasto em defender aos decassílabos que um clichê merece sê-lo e, só por isso, é eterno e válido. No fundo, estou cansada de não fazer novidades.
No fundo, estou no poço e sei viver nele sem pressa.
Ainda, eu desejava ter um deus, que eu rezaria a ele e faria promessas para conseguir me deleitar com esforços e amarguras. Por graça, eu sofreria pelos versos que não tenho escrito. Na triste condição que vivo, não valem esforços que corroam meu prazer lascivo e flácido de virgem. Minha cabeça se cansou de arquitetar poemas e eu definho em imagens vulgares e ríspidas.
Se me fosse dado escolher um deus, eu rezaria a Fernando Pessoa e ofertaria um altar com folhas, tinta e café. Clamaria por um pouco de dor e me faria reconhecer a antiga timidez nas pernas e a pressa nas palavras. Redimiria os males na escrita. Quem sabe eu me esforçasse em suportar o desrespeito e então, ser pura, para assim poder ser natural e, enlouquecida, almejar servir à minha obra para os homens.
Ainda me resta um indício de loucura, se sei que escrever não é normal.
Por súplica, esta noite eu faço prece da Autopsicografia.
Laís de Oliveira
Agradecimentos a C. Melo, pela menção da "escritura".
terça-feira, 25 de março de 2008
No café das tulipas amarelas
"Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim!"
É verão no Brasil, mas hoje fazia frio. Não frio, frio, mas um frio que me lembrou aquele comecinho de setembro. E meu cérebro se confundiu. Eu me perdi de vez nos devaneios tolos que me afligiram a alma nestes últimos seis conturbados meses. Muita dor proscratinada, esperança maldita apunhalando meu peito. Foi por isso que quando eu o vi eu senti uma vontade estranha de correr e dar um abraço caloroso, encostar minha bochecha na bochecha dele e abrir um sorriso solar. Eu queria brincar com a ponta do nariz dele, que eu sabia secretamente que era torta, afinal aprendemos pelo menos isso naquelas palestras, mas esse é um segredo nosso. Por algum motivo estranho, hoje ainda fazia parte daqueles dois meses maravilhosos de quando eu o conheci, e eu quase acreditei que logo a gente se sentaria no café das tulipas amarelas e ia rir um do outro. Hoje eu ainda não tinha enfiado os pés pelas mãos e podia então fazer planos de passar o domingo no parque, que a gente combinou de ir desde que nos conhecemos e nunca fomos (acho que a gente não foi por causa dos quatis). E ele foi passando do outro lado da rua, a mesma rua do café das tulipas amarelas, onde a gente quase deu o primeiro beijo; mas hoje, seis meses depois, ele passou apressado, sem nem me notar. E meu coração sofrendo com tanta paixão anacrônica. Talvez nem fosse o mesmo ele mais, seis meses mudam muito as pessoas, como mudam. Só quem não mudou fui eu. Ou mudei. Meu coração continua preso no passado, meu corpo envelheceu seis meses, mas meu coração ainda espera a continuação daquela noite sem fim.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Resquícios
Dividiram-me ao meio
Minhas metades, freneticamente, subdividiram-se.
Regeneraram-se, formando novas células.
Embriões
Falta-lhes um sopro de vida.
Sinto que perdi o elo da minha congruência
Não só falta coesão às minhas palavras, mas também a mim ela carece.
Não há nada
Nem lampejo
E volto aos pedaços de mim, espalhados por entre os vãos dos dissabores, dos sentimentos,
onde a vida passa e transborda, onde a existência não limita o ser.
Há partes que se soltaram,
fuligem que paira junto ao ar
mar de água que evapora
parte do todo, sal do oceano.
Há frações de mim que se perderam no tempo,
nos capítulos da minha vida
na melodia do meu viver.
Há sonhos que se tornaram fumaça cinzenta.
Lembranças me revolvem inteira
Pá que movimenta folhas secas de denso jardim
Sou outono
Folhas titubeantes e secas caem
O vento as espalha pelo mundo afora
Há frações por toda parte
Minha vida é um des (fracionar) incessante
Parte de todo luminoso,
Espelho em partes refletidas.
Encontro resquícios de mim por todos os cantos,
porque tudo o que existe parte de um mesmo grão.
Minhas metades, freneticamente, subdividiram-se.
Regeneraram-se, formando novas células.
Embriões
Falta-lhes um sopro de vida.
Sinto que perdi o elo da minha congruência
Não só falta coesão às minhas palavras, mas também a mim ela carece.
Não há nada
Nem lampejo
E volto aos pedaços de mim, espalhados por entre os vãos dos dissabores, dos sentimentos,
onde a vida passa e transborda, onde a existência não limita o ser.
Há partes que se soltaram,
fuligem que paira junto ao ar
mar de água que evapora
parte do todo, sal do oceano.
Há frações de mim que se perderam no tempo,
nos capítulos da minha vida
na melodia do meu viver.
Há sonhos que se tornaram fumaça cinzenta.
Lembranças me revolvem inteira
Pá que movimenta folhas secas de denso jardim
Sou outono
Folhas titubeantes e secas caem
O vento as espalha pelo mundo afora
Há frações por toda parte
Minha vida é um des (fracionar) incessante
Parte de todo luminoso,
Espelho em partes refletidas.
Encontro resquícios de mim por todos os cantos,
porque tudo o que existe parte de um mesmo grão.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Veneno desejado
De tudo que ficou
Só quero o veneno
Que escorre pelas veias sem destino
Que esparrama pelo sangue lúcido
Que contamina...
De você
Quero o seu veneno impuro
Não quero ficar imune
Não desejo a boa medida
Não aspiro à serenidade dos infelizes...
Da vida
Almejo o mais insano dos venenos
Quero o que me faça sentir viva
Quero o que me arraste à cegueira
Quero o hiperbólico...
De mim mesma
Quero buscar meu próprio veneno
Escondido pelos devaneios suprimidos
Escondido pelo inexplorado
Escondido pelos demônios que inundam minha alma...
De todas as coisas
Só quero o veneno que avassala
E que dá sentido ao que não tem nenhum.
Só quero o veneno
Que escorre pelas veias sem destino
Que esparrama pelo sangue lúcido
Que contamina...
De você
Quero o seu veneno impuro
Não quero ficar imune
Não desejo a boa medida
Não aspiro à serenidade dos infelizes...
Da vida
Almejo o mais insano dos venenos
Quero o que me faça sentir viva
Quero o que me arraste à cegueira
Quero o hiperbólico...
De mim mesma
Quero buscar meu próprio veneno
Escondido pelos devaneios suprimidos
Escondido pelo inexplorado
Escondido pelos demônios que inundam minha alma...
De todas as coisas
Só quero o veneno que avassala
E que dá sentido ao que não tem nenhum.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Seu Poema sem nome
Naquela noite ela sonhou com ele
e com palavras que não tinha dito
viu ele amarelar-se em postes
Ele correr alucinado
veio vê-la
E veio completar frases não feitas
veio lhe responder
bocas de álcool
e sono
veio declarar-se insone
e dela
que naquela noite o teve.
Naquela noite ela sonhou estrelas
que se partiam como as palavras
Se repetiam
rimas alternadas
se escreviam como ela o fazia em segredo
Naquela noite ela teve um filho
com ele
que as estrelas nomearam
sem nome
e o filho esperneava postes e chuva
sob poucas estrelas
que ele rimava com as pernas.
Naquela noite ela pariu um filho
só dele
e terminou por concebê-lo.
Laís de Oliveira
terça-feira, 11 de março de 2008
Grito
E se tivesse arriscado o tudo pelo nada, o certo pelo incerto, estaria agora removendo angústias e arrependimentos? E se tivesse segurado firme na incerteza e seguido com ela até o que não saberia ser começo ou fim? E se pudesse ter a confiança de que fez tudo como clamou a falta de discernimento e a insensatez, estaria nesse instante sentada na varanda se drogando? E se tivesse se deixado viver por apenas um segundo e escolhido o que a Voz dizia- e sabia- ser seu mais intenso e verdadeiro desejo? Ela sabia o que queria, mesmo repetindo freneticamente que não. Queria se convencer. Queria esconder. Tinha medo...
Medo. Medo de si mesma. Medo de sentir o que não podia, o que sua consciência de animal domesticado sinalizava ser imoral. Queria viver sem renúncia e resignação, mas sabia que perderia o mundo, apesar de poder ganhá-lo numa outra interpretação. Tinha medo de se tornar inteira. Medo de não conseguir retornar ao casulo que a impedia de rasgá-lo com suas asas já fabricadas. Tinha medo de gostar de não ser o que sempre havia sido. Medo de se libertar e não suportar lacunas que estariam sempre vazias.
Poderia ter evitado o sofrimento? Poderia ter escolhido viver. Poderia ter optado pela fortaleza e abdicado da fraqueza de quem respira. Poderia não ter pensado duas vezes e agido como quem sente, e não pondera. Poderia ter arrancado os tijolos que já colocara em sua vida e os aproveitado para reconstruir-se. Poderia ter usado todos os seus projetos de arquiteta que é para uma revisão de si mesma.
Ela escolheu. E não pode negar. Drogar-se é uma forma de punição. Aliviar-se e angustiar-se. Matar a si lentamente, sem pressa, sem vontade, sem espetáculos. Sua última saída? Deixaria todas as vidas que de alguma forma também a pertencem. Estaria fugindo do que não pode enfrentar? Sempre soubera desse desfecho. Poderia agora se arrepender e renunciar à escolha que já fez? Protesto contra si mesma. Adiantaria? Ela divide-se sem partes que pedem como indivíduos singulares que não são.
Sente o líquido penetrar por seu corpo e a sensação de inexistir invade a sua alma. Ela sabe que mais um pouco seria um exagero. Mas por hoje ela quer o hiperbólico. Por hoje apenas, ela quer se livrar das amarras internas. E se existir o amanhã, não quer ser nada.
Medo. Medo de si mesma. Medo de sentir o que não podia, o que sua consciência de animal domesticado sinalizava ser imoral. Queria viver sem renúncia e resignação, mas sabia que perderia o mundo, apesar de poder ganhá-lo numa outra interpretação. Tinha medo de se tornar inteira. Medo de não conseguir retornar ao casulo que a impedia de rasgá-lo com suas asas já fabricadas. Tinha medo de gostar de não ser o que sempre havia sido. Medo de se libertar e não suportar lacunas que estariam sempre vazias.
Poderia ter evitado o sofrimento? Poderia ter escolhido viver. Poderia ter optado pela fortaleza e abdicado da fraqueza de quem respira. Poderia não ter pensado duas vezes e agido como quem sente, e não pondera. Poderia ter arrancado os tijolos que já colocara em sua vida e os aproveitado para reconstruir-se. Poderia ter usado todos os seus projetos de arquiteta que é para uma revisão de si mesma.
Ela escolheu. E não pode negar. Drogar-se é uma forma de punição. Aliviar-se e angustiar-se. Matar a si lentamente, sem pressa, sem vontade, sem espetáculos. Sua última saída? Deixaria todas as vidas que de alguma forma também a pertencem. Estaria fugindo do que não pode enfrentar? Sempre soubera desse desfecho. Poderia agora se arrepender e renunciar à escolha que já fez? Protesto contra si mesma. Adiantaria? Ela divide-se sem partes que pedem como indivíduos singulares que não são.
Sente o líquido penetrar por seu corpo e a sensação de inexistir invade a sua alma. Ela sabe que mais um pouco seria um exagero. Mas por hoje ela quer o hiperbólico. Por hoje apenas, ela quer se livrar das amarras internas. E se existir o amanhã, não quer ser nada.
quinta-feira, 6 de março de 2008
Coerência
"...
Afinal, lidamos, sobretudo, com formas de expressão. Assim, a Língua em vigor se modifica em milhares de bocas, diariamente, e utilizamos a linguagem para expressar uma ciência que, da mesma forma, se modifica constantemente a partir de novas concepções e experiências, o Direito que – acreditamos – evolui a cada dia em nossa vida acadêmica e prática.
..."
Laís de Oliveira, esboço para um editorial.
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Eclesiastes (Cohelet) 1:2,9
Afinal, lidamos, sobretudo, com formas de expressão. Assim, a Língua em vigor se modifica em milhares de bocas, diariamente, e utilizamos a linguagem para expressar uma ciência que, da mesma forma, se modifica constantemente a partir de novas concepções e experiências, o Direito que – acreditamos – evolui a cada dia em nossa vida acadêmica e prática.
..."
Laís de Oliveira, esboço para um editorial.
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Eclesiastes (Cohelet) 1:2,9
terça-feira, 4 de março de 2008
Tem seis dias que eu não saio de casa. Em outros tempos eu criei o mundo e o homem nesse espaço quase hebdomadário. E ainda descansei no sétimo dia. Mas amanhã eu não irei descansar, mesmo porquê eu não criei merda nenhuma nesses dias. Só esse cheiro horrível. Eu devia abrir a janela, mas nem isso. De fora ia vir uma brisa irritante, trazendo consigo o excesso de vida do mundo lá fora. Tem uma creche na porta do meu prédio. Eu não suportaria ouvir vozes de crianças. Eu nem suportaria saber que ainda existem crianças. Então o jeito é agüentar o cheiro. Eu não sei dizer o que fede mais: os cinzeiros transbordam um cheiro inconfundível de nicotina dormida; da cozinha sai uma carniça de comida em estado de putrefação, ou será que quem está apodrecendo sou eu? Não. Eu sei que eu não estou apodrecendo ainda porque eu sinto saindo dos meus poros um perfume inebriante de álcool, deve ser resultado das muitas garrafas que agora eu vejo espalhadas, algumas quebradas, pelo chão. Álcool conserva, por isso eu sei que eu ainda não estou decompondo (mesmo porquê, qual bactéria iria comer minha carne insonssa?). Quando eu era criança meu pai matou um escorpião e colocou num potinho com álcool e eu coloquei em cima da minha prateleira, lá ficou por dias. Hoje eu me sinto como aquele escorpião, dentro dum pote com álcool, morto, como uma punição por ser venenoso, mesmo que eu nunca tenha picado ninguém. Eu deva contar que o bicho mais nocivo é o homem. Mas quem me ouviria? Fui eu quem criou o homem, no sexto dia eu acho. Não lembro mais das aulas de catecismo, mas foi no sexto, se não tiver sido, fica sendo, aposto que os escorpiões eu criei no primeiro dia. O que me consola é saber que amanhã é o sétimo dia. Sete um número cabalístico. Mas me consola por que? Eu vou continuar deitada nesse chão imundo olhando pras paredes mofadas por causa da infiltração e vou continuar pensando nas coisas mais mórbidas e kafkianas que um ser humano poderia pensar. Bom mesmo seria virar uma barata, eu já até tenho a maçã podre do pecado original cravada em minhas costas. Mas amanhã é o sétimo, e eu prometo não sucumbir.
sábado, 1 de março de 2008
Linhas Tênues
Sou feita de sentimentos incompreendidos e não terminados. Talvez seja por isso que eu sinto como se durante toda minha vida eu tivesse andado em círculos. E continuo andando.
Não sei se amei. Aliás, minha idéia de amor sempre andou ao lado de algum tipo de obsessão, necessidade, então não sei dizer. Li uma vez que amar é dar, paixão é tirar. Nunca soube fazer nenhum dos dois.
Não sei se odiei. Dizem que amor e ódio andam juntos, não acredito nisso. Você pode ter raiva e mágoa de alguém que já amou, mas não ódio. Amor pede reciprocidade, confiança pede lealdade, se você não recebe nenhum dos dois pode sentir uma infinidade de coisas, mas não ódio.
Já me odiei algumas vezes. Não estou falando de arrependimento. Me odiei porque sou fraca, não com os outros, mas comigo mesma. Me odiei porque me traio com a freqüência e intensidade que ninguém mais poderia.
Não importa.
Sabe o que eu queria? Me livrar dos conceitos, do inacabado. Começar do zero. Menos ceticismo talvez. Mais ignorância. Procurar menos, saber menos, viver mais. Por que afinal? Ando procurando respostas inúteis.
Por vinte anos tenho vivido sentimentos pela metade.
Não me conheço, nem pretendo.
Nascer de novo seria bom. Reviver pequenas alegrias da infância...
Não sei se amei. Aliás, minha idéia de amor sempre andou ao lado de algum tipo de obsessão, necessidade, então não sei dizer. Li uma vez que amar é dar, paixão é tirar. Nunca soube fazer nenhum dos dois.
Não sei se odiei. Dizem que amor e ódio andam juntos, não acredito nisso. Você pode ter raiva e mágoa de alguém que já amou, mas não ódio. Amor pede reciprocidade, confiança pede lealdade, se você não recebe nenhum dos dois pode sentir uma infinidade de coisas, mas não ódio.
Já me odiei algumas vezes. Não estou falando de arrependimento. Me odiei porque sou fraca, não com os outros, mas comigo mesma. Me odiei porque me traio com a freqüência e intensidade que ninguém mais poderia.
Não importa.
Sabe o que eu queria? Me livrar dos conceitos, do inacabado. Começar do zero. Menos ceticismo talvez. Mais ignorância. Procurar menos, saber menos, viver mais. Por que afinal? Ando procurando respostas inúteis.
Por vinte anos tenho vivido sentimentos pela metade.
Não me conheço, nem pretendo.
Nascer de novo seria bom. Reviver pequenas alegrias da infância...
“Sinto-me um barquinho, e a vida um mar terrível.”
(Guimarães Rosa)
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