terça-feira, 20 de maio de 2008

Sangue e aguardente

"Das brigas que ganhei,
nem um troféu pra casa eu levei
As brigas que eu perdi,
essas sim eu nunca esqueci"
Pato FU


Era como se eu ainda ouvisse as vozes na minha cabeça, você é um rapaz de família, olha lá se isso são jeitos, tenha compostura. Mas na hora nada pareceu adiantar. Eu não sei o que incendiava mais, a cachaça barata que desceu intragável pela garganta, o sol quente fritando meu couro cabeludo, ou a raiva que me subia pelas bochechas e me fazia cerrar os pulsos. Eu sei que não devia, mas tem muita coisa que a gente não deve fazer sabe, mas faz assim mesmo. E no fundo, parece que esse é que sou eu. Comigo é no tapa e no grito. E no pranto, mas esse eu deixo escondido, porque garotos não choram.
E não dá pra dizer o que é pior, as cãibras por todo o corpor, o asfalto quente como inferno me lixando o rosto, ou o gosto amargo na boca, de aguardente, sangue e poeira. E,algum motivo, que está além da minha escassa capacidade de compreensão, me faz crer que ser o perdedor ainda é mais saboroso.



nov 2005- Com os devidos créditos ao Felipe, que me serviu gentilmente, de modelo real. Suprimi os fatos, pois não são dignos de serem relembrados.